O judô brasileiro tem uma nova estrela e o nome dela é Rafaela Silva. Aos 24 anos, a carioca da Cidade de Deus se consagrou no “quintal” de Casa na tarde desta segunda-feira (08), ao conquistar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Com o triunfo, Rafaela se tornou o maior nome do judô brasileiro, sendo a única judoca campeã mundial júnior, sênior e campeã olímpica.
Para subir no lugar mais alto do pódio, Rafaela teve uma manhã brilhante na Arena Carioca 2, enfileirando adversárias. Concentrada e motivada pela torcida carioca que “fez a arena tremer”, Rafaela não precisou de mais do que 46 segundos para despachar a alemã Miryam Roper com dois waza-aris (ippon). No segundo combate, ela derrotou a sul-coreana Jandi Kim com um wazari e ganhou confiança para as quartas de final. “Essa era uma luta que eu sabia que seria mais complicada, mas eu já tinha a estratégia para enfrentar essa coreana. Quando passei por ela, vi que a medalha estava mais próxima”, conta.
O duelo das quartas-de-final faria Rafaela reviver a doloroza eliminação em Londres contra a mesma adversária, a húngara Hedvid Karakas. “Eu fiquei pensando no que aconteceu em 2012 e que eu não poderia deixar que acontecesse de novo aqui, na minha casa”, relembra.
E não aconteceu. Com um waza-ari a um minuto do fim da luta, a brasileira controlou a disputa e se classificou para a semifinal, onde a adversária da vez seria a romena, vice-campeã olímpica em 2012, Corina Caprioriu. Foram sete minutos de luta equilibrada e a vitória só veio com um waza-ari da brasileira no golden score, levando o público à loucura com a classificação à grande final.
Na decisão, ela entrou agressiva e já forçou uma punição à mongol, Sumyia Dorjsuren, líder do ranking, que em seguida empatou o placar nos shidos (1 -1). Com um minuto de luta, Rafaela encaixou o golpe, o árbitro central deu ippon, mas a mesa corrigiu para waza-ari. Tática, Rafaela administrou a vantagem até desabar em lágrimas, com os braços abertos, o alívio da vitória e o ouro garantido. Uma conquista que, para ela, representou uma reposta aos insultos racistas nas redes sociais sofrido após sair derrotada em Londres.
“Disseram que eu era uma vergonha para minha família, que eu não tinha capacidade de estar numa Olimpíada, que era para eu estar numa jaula. E agora posso mostrar para as pessoas que me criticaram que eu posso estar entre as melhores da minha categoria e que eu posso dar alegrias para a minha família.”
Alex Pombo também lutou nesta segunda-feira (08), mas não passou da primeira luta contra o chinês Saiyinjirigala, que pontuou com um yuko a 4 segundos do fim do combate.
*Texto original de CBJ