A Bahia está repleta de excelentes atletas, entretanto, não os temos visto subir ao pódio em competições nacionais com a frequência merecida. Alguns judocas baianos alcançaram destaque apenas quando saíram do estado, a exemplo de Tiago Pinho. No ultimo final de semana o atleta baiano sagrou-se Campeão Brasileiro da Classe Sub-21 anos, na categoria médio, porém, defendendo o estado do Rio Grande o Sul.
Na tentativa de adquirir uma maior qualificação técnica Tiago Pinho foi buscar experiências fora do estado. Este é um problema antigo na Bahia, enfrentado não apenas pelo judô, mas que o Presidente da Federação Baiana de Judô – Febaju, Marcelo Ornelas, vem tentando solucionar, e acredita que com os resultados do Campeonato Brasileiro Sub-18 e Sub-21 anos o trabalho precisa ser intensificado.
“Mais uma vez o resultado dentro dos tatames não foi o esperado. Apostávamos em um desempenho melhor no brasileiro Sub-21 anos. Sabemos a importância de rever nossa forma de selecionar os atletas, treinamentos, além de buscar uma forma de qualificar nossos técnicos. A Bahia tem que ter consciência de que precisa melhorar, e a Febaju, juntamente com o conselho técnico, irá planejar uma forma mais eficiente de preparar os nossos atletas, principalmente nesse período de novo foco, que é a Olímpiada de Tóquio 2020”, disse Ornelas.
HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO
O atleta Tiago Pinho, de 19 anos e 1,74m de altura é baiano, mas, desde maio de 2013 defende as cores do clube Sociedade de Ginástica Porto Alegre – Sogipa. “Estou muito feliz porque estava devendo isso pra minha família. Sempre bati na trave aqui na Bahia. Mas, graças a Deus, consegui essa vitória com muito suor, esforço e superação”, disse o atleta que conquistou o lugar mais alto do pódio, com um sabor de superação.
Desde de janeiro o judoca vem enfrentando uma seria rotina hospitalar. “Ele passou as festas de final de ano com a gente, aqui na Bahia. Em janeiro ele foi para Pindamonhangaba, para o treinamento com a seleção. Ele estava numa fase muito boa, estava entre os cinco primeiros do ranking, hoje é o sétimo”, explica o pai do atleta, Carlos Pinho.
Ainda durante o treinamento Tiago começou a sentir fortes dores na coluna, ao ponto de não conseguir andar. Ficou internado e fez diversos exames, inclusive uma biopsia, mas nada foi descoberto. O judoca era submetido à injeção de morfina de quatro em quatro horas. “Morei 29 dias com ele em um hospital, ele chorava de dor, mas, com a ajuda da CBJ, conseguimos transferir ele para o Hospital São Rafael, onde meu irmão e primos trabalham. No terceiro dia de internação foi descoberto que ele estava com uma bactéria no encontro entre o fêmur e a bacia, que gerou um abcesso. Mas, graças a Deus não foi preciso operar”, conta o pai do atleta.
Após um período no hospital Tiago continuou o tratamento na casa dos pais com o auxilio do home care, posteriormente iniciou o processo de fisioterapia, que foi concluído pelo clube Sogipa. “No dia 27 março ele viajou para o RS e fomos acompanhando o tratamento com o clube. Ele não estava cem por cento nesta luta. Ali foi a mão de Deus que trabalhou, porque não tinha condição humana de ele estar ali”, declara Carlos Pinho.
O desempenho do atleta foi reconhecido pelos baianos, que o ovacionavam durante as lutas e principalmente após a conquista do ouro. O Presidente da Febaju também reconheceu o feito do judoca. “Não poderia deixar de lembrar o grande desempenho do Atleta Baiano, Tiago Pinho, depois de passar por uma situação bem complicada de saúde vim a sua terra natal, Salvador, e ser campeão brasileiro. Isso demonstra que os baianos têm potencial sim. Ele é um exemplo de garra e determinação e acredito que hoje servirá como exemplo para toda Bahia” afirma Marcelo Ornelas.
A DISTÂNCIA
Sobre a distância o pai do atleta afirma que hoje está mais tranquilo de suportar, pois sempre buscam uma forma de estar juntos. “No inicio foi muito difícil, porque ele era meu companheiro”, disse Carlos. O desejo de ter o filho por perto é grande, mas, o pai de Tiago acredita que em sua terra natal o atleta não encontraria as vantagens que tem fora. “Eu queria que a Bahia tivesse o pensamento que o Rio Grande do Sul tem. Lá o Atleta é o foco, é o que importa mais. Aqui o que mais importa é o que está por trás do atleta. Lá, eles não tem essa briga que vemos aqui no estado. Thiago é amigo do paulista, eles já dividiram quarto, aqui é muita briga entre os clubes. Isso reflete no desempenho dos atletas, da Bahia os que tiveram um destaque nacional, saíram do estado, como o Juralmilto, por exemplo”, disse Carlos Pinho.
RESULTADO DA BAHIA
Em 2015 a Bahia ficou na 19ª posição no quadro geral de medalhas, com dois quarto lugar e dois sétimos , tendo apenas sete participantes. Já em 2016 o estado finalizou a competição na 20ª posição, com um quinto lugar e um sétimo, tendo 13 atletas competindo.
Confira matéria com Tiago Pinho na primeira edição da revista Judô Bahia clicando (Aqui)